segunda-feira, janeiro 30, 2006

A 100 à hora - Capítulo 4

Capítulo 4

Continuado por: Maria Lemos




Ao chegar ao hotel, fui directamente para o quarto, abri a porta de acesso à varanda. Sentia-se a brisa e o cheiro inegável a maresia, foi então, que me sentei debruçando os cotovelos sobre os joelhos, e com as mãos tapava a cara, esperando que as dúvidas que me assolavam se dissipassem, como a brisa que passa e refresca.

Não compreendia o que sentia em relação a tudo o que estava a viver, talvez, se deva ao facto de estar a experimentar estes sentimentos pela primeira vez. Mas que sentimentos, podia estar a sentir, se eu só a conheci à poucas horas? Será apenas, a sempre presente atracção física? Ou será algo mais? Será que sinto o que sinto por estar só?

De uma coisa eu tenho a certeza, provei pela primeira vez o gosto amargo da solidão… Nunca me havia sentido tão só como naquele momento. Nunca tinha experimentado a necessidade de fazer uma retrospectiva no campo amoroso e fi-lo com o intuito de provar, a mim mesmo, de que o que estava sentir pela Sofia, era completamente novo e não uma atracção passageira. O que era um problema. E um problema gravíssimo, a mulher por quem estava apaixonado era casada… bem ou mal ela era casada.
Estava muito ansioso para o almoço do dia seguinte, era uma espécie de uma partida para alguma coisa mais, para alguma coisa incerta!
Levantei-me a tempo de ver o sol nascer, a cama era verdadeiramente confortável, mas não consegui estar mais tempo deitado, parecia que pelo facto de me levantar as horas passariam mais rapidamente, e obviamente mais rapidamente chegaria a hora de a ver, de estar com ela, de sentir o seu perfume, e talvez de a beijar…
Chegou a tão ansiada hora.

Dirigi-me atempadamente para o restaurante onde havíamos combinado o almoço, escolhi uma mesa para dois com vista para o mar e para as dunas, a paisagem era fabulosa, digna de uma tela. O clima estava criado nada podia correr mal.

Passados 30 minutos da hora marcada ainda não tinha aparecido, estava a ficar nervoso e preocupado, pois questionava-me por que razão a Sofia ainda não aparecera, e como se isso já não fosse o suficiente, o empregado de mesa já tinha vindo mais uma vez ao pé de mim perguntar-me se podia começar a trazer os aperitivos, o que me irritava ainda mais.

Já passada quase 1 hora de espera, o empregado além de trazer o cardápio trás também um envelope muito pequeno, quando chegou ao pé de mim, perguntou o meu nome e após a minha resposta, entregou-me o envelope que vinha ao meu cuidado, olhei para todo o lado na expectativa de ver a Sofia, ela tinha estado ali … e … não veio ter comigo. Hesitei em abrir, o envelope, sentia uma espécie de revolta, senti-me menosprezado. Perguntando-me se esteve aqui, porque não veio falar comigo olhos nos olhos?! Não eram necessários bilhetes, a adolescência tinha já passado há anos, portanto se me queria dizer algo porque não o fez? Ela esteve aqui, caso contrário quem entregaria a carta ao empregado?

Mais calmo, chamei o empregado e questionei-o sobre quem lhe havia entregue o envelope, e a descrição que ele fez correspondia à mesma caracterização física da Sofia.

Ignorando o porquê de tudo aquilo, decidi abrir o envelope, certamente encontraria ali a resposta. Tirei um pedaço de papel que estava dobrado em quatro partes e senti o perfume dela, desdobrei-o e li:

“Lamentavelmente não poderei usufruir da tua companhia hoje. Surgiu um imprevisto, o meu marido, ligou-me e está a chegar, parte novamente amanhã. A propósito estás muito bonito e a mesa era a ideal. Um beijo Sofia”

O mundo desabou sobre mim naquele momento, senti-me o mais desafortunado dos homens…
No caminho para o hotel, passei pelo mercado local, para me distrair um pouco, quando não é o meu espanto quando vi a Sofia acompanhada pelo marido e ….



Continua...


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