segunda-feira, janeiro 30, 2006

A 100 à hora - Capítulo 2

Capítulo 2

Continuado por: Maria Lemos


Chegado ao hotel, fiz o chek-in, dirigi-me para o quarto de onde se vislumbrava num canto, uma televisão. Á sua frente estava uma mesa rectangular com uma bomboneira repleta de bombons e do outro lado da mesa um pequeno arranjo floral. Dei mais dois passos vi a cama enorme, ao lado desta viam –se as janelas da varanda, corri a cortina, fui até à varanda e sentei-me numa das cadeiras que lá se encontravam e apreciei o espectáculo do pôr do Sol.

Quando o Sol finalmente beijou carinhosamente o mar, insurgiu repentinamente a lembrança dos seu rosto, de como seria poder tocar na sua pele, nos seus lábios, de quanto seria maravilhoso poder estar com ela mais tempo. Cada raio que espelhava no oceano, me levava á lembrança dos seus cabelos, do seu sorriso, do seu olhar.

No final do jantar, fui caminhar até á praia, pois não conseguia simplesmente estar ali. Chegado ao areal, descalcei os sapatos, tirei as meias, dei umas quatro dobras nas calças, e caminhei sem direcção, ouvindo apenas o ruído do rebentar das ondas, que de quando em vez, molhavam os meus pés. Apenas se viam muito distante umas luzitas, que imaginei fossem de algum navio de carga e o brilhar da lua a reflectir na água, e pensava na partida que hoje o destino me tinha feito. Eu que não acreditava no amor à primeira vista, que nunca parava no meio de uma estrada para auxiliar quem quer que fosse, questionava-me quase constantemente, porque parei, porque dei boleia, porque não paro de pensar nela, porquê e mais porquês. Até que, vi uma mulher de cabelo loiro e preso, vestia fato de treino de cor clara, sentada na areia. No entanto, parecia estar a viajar para muito longe daquela praia e à medida de me ia aproximando, vi o mesmo rosto que teimosamente não saia da minha memória. Quando me aproximei o suficiente para ter a certeza que era ela , os meus passos abrandaram, até ao momento de ficar imóvel. Não queria acreditar, estaria louco, de tanto a imaginar já a estaria a ver ali. Até que ouvi uma voz muito delicada, que me chamou: -“ Mário, Mário!” Ainda hesitante, dei por mim a caminhar na sua direcção, quando finalmente acabei de dar os dez passos mais longos e demorados da minha vida, Sofia, estendeu a mão e convidou-me a sentar um pouco ali, tudo parecia perfeito, o local do encontro, o luar, as conversas, exceptuando o facto de estar com uma quantas dobras nas calças e sapatos nas mãos.

Reparei que estávamos a ficar com um pouco de frio e convidei a Sofia tomar um chá quentinho no hotel onde estava hospedado, ao qual ela assentiu, fomos a caminhar pela praia, quando de uma forma muito espontânea e natural ela meteu o braço no meu e continuamos a conversar, sobre as coincidências de nos termos conhecido, das motivações que me levaram a passar ali aquele fim-de-semana, enfim falamos dos nossos tempos de estudantes e de outros assuntos que não nos comprometessem de mais.

Chegámos ao hotel, eu agora calçado e as calças devidamente vestidas, dirigimo-nos até ao bar, perguntei à Sofia o que ela desejava ao que me respondeu: - “Um chá de camomila, preciso de acalmar, pois hoje tenho vivido mais emoções que nos últimos anos da minha vida.”, dito isto, brindou-me com um sorriso ainda mais belo que aquele que esboçou quando a vi pela primeira vez. Olhou para o relógio, mais que uma vez, senti que algo a perturbava, e perguntei-lhe: “ Sofia, estou a aborrecer-te?!” ao que ela respondeu prontamente: “Não, não é nada disso, é que já há anos, muuuuitos anos, que não estou assim, com outra pessoa além do meu marido… e também já é um pouco tarde, mas ainda tenho que lhe pedir uma coisa….” Quando ela proferiu estas palavras, senti um sopro gelado a percorrer-me a coluna e paralisei e ela continuou “é se me podes acompanhar até casa, não é muito longe, mas já são 23:45h e tenho um pouco de medo de andar sozinha pelas ruas a estas horas.” , ao que respondi de imediato que sim, no entanto não deixei de me questionar o porquê daquele pedido, visto que nesta cidade não existe (pelo que me lembre) situações de qualquer espécie de criminalidade.

Acabamos o chá e levei-a até casa, não demoramos mais que cinco minutos de percurso, ao chegarmos ao portão...

Continua...


Sem comentários: